sábado, 23 de outubro de 2010

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Conquiste meu cigarro, beba minha embriaguês e trague minha respiração.
Foi isso que você fez...
Estávamos caídos num momento risonho, você me dizia algo mas eu não consiguia entender.
Lembro de levantar cambaleante e de repente sentir o sol não muito quente em meu rosto.
Suas mãos silenciosas subiram até minha cintura, me guiaram até o que parece uma cama.
Constatei ser uma cama mesmo.
Ficamos a saborear o silêncio dentro do quarto.
Vislumbro as estrelinhas no teto, como se fizesse sentido estarem lá quando já é de manhã, então compartilho esse pensamento e seu sorriso me mastiga inteira.
Uma tristeza repentina me tomou e o abracei. Antes de qualquer pergunta lhe calo com meus dedos tapando sua boca. O calor de seu corpo quente me deixava confortável em seu braços. Nós ficamos assim por quanto tempo?
Depois estávamos dentro daquelas roupas sufocantes, e em outro minuto saboreava algo que conhecia, mas não lembrava o nome. Sim! Era café com leite.
Você beijou minha testa e voltou ao seu lugar. Continuei afundada no que bebia, no que fumava, sem notar seus olhar em cima de mim. Sem notar que gostava daquilo. A unica coisa que me prendia no ambiente era seu cheiro, um perfume doce...
Que posso chamar de paixão.

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Isto que mora dentro de mim, vive por conta própria, me arrasta para o que bem quer. Essa força mantendo-me curiosa, me deixando zangada. Guarda consigo meus sorrisos, falo sozinha como uma louca pois nem quer responder-me, que grossa. Faz com que acredite nela e dela fique sedenta, embora no final me faça um mal dos infernos, sempre voltarei a procura-la, sei que estará lá quando estiver novamente a querendo, pois sabe que estarei lhe buscando. Quando estou lá envolta em seus braços, ouvindo-a sussurrar como o vento que o mundo é cruel e que só ela me adora, mesmo sabendo que cada vez que a chamo esta me devora. Retardo a ideia de que não haverá mais nada para ela levar, pois sei que não voltarei a sentir isso novamente, e por mais cruel que seja sua companhia, pior é quando se vai. Oh doce tristeza fique um pouco mais, faça dessa sua presença um pouco demorada, pois só tenho você como companhia, e é tão adorável a forma como me engana, afundo-me em ti. Apenas assim encontro repouso.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

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Paro para respirar um pouco e acabo por fechar os olhos, pra que faço isso? Me perco dentro de mim.
Todas as noites sonho algo irreal, mas já me acostumei. Sinto o acariciar da madrugada vindo abrir uma por uma cada lembrança do que houve nessa semana, ou apenas hoje. A brisa segura minha mão e me guia por um lugar branco, onde em telas vê-se um esboço confuso, cada quadro é mais estranho do que o outro, porém quando estávamos perto do que eu achava ser o final, noto que já reconheço alguns rostos e sorriu. Assusto-me ao ver que os quadros logo se movimentam, me fazem lembrar em flashes alguns acontecimentos antigos. Aquele garoto que sempre gostei na escola, (que nunca tive chance) a timidez extrema, as fugas da arguição, lutas diárias para enfrentar o chuveiro frio e o sono pesado para ir ao colégio. Mais a frente vejo minhas férias no interior, cercada de verde. Lembro-me de crescer e continuar a mesma pessoa abusada, no entanto menos grossa. Vejo os problemas, e as poucas soluções. Lá na frente me deparo com amigos, farras, desilusões, paixonites, ficas, um namoro, fins de ano... e bom, também vi a solidão, o desatar de mãos, recordei as lágrimas, e bons momentos com várias pessoas, e outras pessoas que conheci através das que me faziam/fazem bem.
Foi aí que abri os olhos de verdade e me deparei com o mesmo teto branco que espera que eu vá dormir, este que realmente só dorme quando durmo, que sabe o quanto é difícil fechar por fim os olhos. E dormi, perdida nisso tudo, perdida apenas...
Como sempre.