quinta-feira, 27 de maio de 2010

Reprisando o sonho bom.

Estive admirado pensando cá em meu sonho passado, ou estava eu sonhando acordado?
Eu pensava conhecer-te, tu e teus lábios sagrados
Tentei procurar dentro de mim sossego, mas minhas mãos trêmulas denunciavam-me
Mesmo não olhando em seus olhos para mim eles eram profundos
Os cabelos ao vento, os fios negros, as pontas soltas acabavam por prender minha atenção
E quando dei por mim já estava a dizer-te o quanto era um ser dotado de minha admiração plena.
Meus olhos recuaram quando em contraste com os seus
A agonia de ter falado demais me corroía, a insegurança destruía-me e o medo me deixava paralisado. Foi melhor dessa forma, não poderia segurar tudo que sentia por mais tempo,
quão árduo é quando se luta numa batalha que sabe-se que terá fracasso
Pois meu inimigo já ganhou o que queria sem precisar matar-me, já matando, sem precisar me desarmar
Apenas me tirou a vida tendo consigo aquela que deixa-me ter desejos proibidos e impossíveis
Ele tem a realeza da minha alma, mulher dos lábios que tanto me despertam interesse
Qual gosto teria eles? Quando nessa parte do sonho iremos dialogar?
E porque nesse ambiente tão calmo onde as águas batem-se violentas contra as pedras, por que não há som? Estamos mudos, nota-se e é evidente a timidez em nossos rostos
Eu não quero mais lembrar desse sonho, jamais quero repeti-lo em minha mente
Eu jamais a vi, nunca a conheci e tão pouco sei sobre ela
Como essas pessoas desconhecidas param em nossos sonhos?
E por que elas pairam em nossas mentes?
É um sonho bom, mas irreal
Eram lábios que eu jamais vi, jamais irei ver novamente
Ainda lembro da sensação eminente de querer sentir qual a sensação de beija-la
Mas estava a todo momento me contendo e esperando que alguma palavra a mais saísse de meus lábios
Foi um sonho esquisito, numa manhã muito amena, num dia realmente blasé, mas esses detalhes não importam
Nada agora importa, sinto que relembrar tal sonho é agradável porém complexo
Hoje, é proibido dormir.



segunda-feira, 17 de maio de 2010

Me deixei estar


Apenas olhando daqui sinto como se estivesse dentro das ondas, mas estou em terra firme,
eu gostaria que o medo estivesse debaixo de meus pés, pois estou em equilíbrio com a natureza.
Dentro de um tubo de água, como deve se sentir aqueles que experimentam disso?
Como sentir medo do que é tão maravilhoso para mim?
Os pés reconfortam-se na areia da praia, a vista vai longe até onde se acha ser o fim, na maré agitada,
gostaria que o vento não me trouxesse os grãos de areia, eles ferem meus olhos e me impedem de enxergar a plenitude desse lugar.
O sol me dá mão e me leva até término das ondas, quando elas se desfazem sobre meus pés e voltam para o mar salgado, retornando como novas ondas.
Sinto que não posso me controlar, apenas concorde comigo, que quando estamos em frente a maravilhas que não nos permitem falar, quando abrimos os braços e sentimos o abraçar da ventania envolvendo nosso corpo, diga-me, tem sensação mais doce que ser livre?
Poder sorrir sem motivo, sorrir apenas porque está num dos lugares que mais aprecia, apesar do medo das enormes ondas que estão se formando bem distante de meus olhos, parecendo cada vez maiores e mais assustadoras, me sinto como uma criança, esse medo se faz maior pois não sei nadar, não poderei estar cercada pelo mar, mas um dia estarei.
A noite quando não há luar nem estrelas para me saudar, sempre haverá aquela porção enorme de mar para lhe fazer ficar, é lá que quero estar, deixando meus pensamentos perdendo-se na escuridão que olha para as águas calmas, perder-se assim é encontrar o que há de melhor: a paz interior, paz de espírito.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

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Sinto que enquanto estou em silêncio meu pensamento trabalha um pouco louco, sinto que o mundo todo vai parar dentro de você, ou que ele percorre por dentro de suas veias, você está tão presente em minha mente que já não consigo guardar os nomes das pessoas, os dias da semana, desaprendi a aprender pequenas coisas, como não saber fazer o café, ou não conseguir arrumar a cama, não encontro as coisas que guardei a cinco minutos atrás, e a culpa é sua, poderia me dar descanço de sua voz em meus ouvidos e seus olhos preenchendo minhas loucuras. Eu preciso de um tempo longe, e gostaria que tivéssemos uma conversa franca sobre isso, porque tudo pode ser resolvido numa conversa, só ter calma e paciência...
Não consigo mais olhar o telefone ou qualquer coisa a minha volta, meus cabelos ainda estão cheios dos seus afagos, e depois de ligar para você sugerindo uma conversa eu compreendi que nem tudo se resolve falando francamente, o que é uma verdadeira porcaria. Eu tentei, eu tentei, e agora desisto disso, estarei daqui a alguns dias me mudando desse apartamento odioso, e eu aprenderei a estar são, como já sinto que estou, pelo menos penso que sim por já estar desejando que eu esteja livre de qualquer tortura mental que se remete a ti. Não importa que eu me mude, o lugar que eu sempre irei querer morar é no seu coração. As lembranças serão apagadas, um delete eterno em você, um end para nossos beijos, uma faca afiada para as vezes que eu estiver me traindo pensando novamente em como era bom aquelas momentos em meu quarto, na luz do sol tocando-lhe o rosto e fazendo de suas feições algo angelical, puro e intocável...
Algo que só eu via, e agora estou cego, sem ver-te, sem amar-te.

Pensamentos no escuro.

Estamos no escuro, eu e todas essas vozes que gritam por luz, não sei se canto baixo para que todos os pares de olhos se fechem ou se apenas digo que medo do escuro é coisa de criança, mas elas são crianças. Bom, eu posso entende-las bem, sempre é em suas piores noites, aquelas em que os olhos não querem fechar, embora estejam cansados, ficam assim semi cerrados sem paciência para olhar o teto branco. A vista cansada vaga pelo quarto e vê formas estranhas se movendo no ambiente, a sensação de pavor o sufoca e todo o seu sono passa, mesmo assim você se força a fechar os olhos tendo em mente que o que quer que esteja no quarto não vai chegar até você, não lhe fará mal; mas isso é só uma ilusão, na verdade sabe-se que o que está ali é ruim mesmo não sabendo porque, você não confia na sua tentativa de otimismo, cobre-se com o lençol fino, ainda consegue ver a luz que entra pela janela fazendo sombra na parede, então você percebe que é só a luz do porte e nada mais... Isso deve já ter acontecido com várias pessoas, mas e quando esse fato ocorre com frequência? Como se você esquecesse que é a luz dos portes fazendo movimentos nas sombras no quarto? Calma e paciência consigo mesmo é a chave para conseguir não se sentir muito tolo, muito ridículo. Terá sempre alguém que vá segurar minha mão e dizer que está tudo bem, que isso não é tão ruim assim, depois deverá dar uma leve risada, entregando que acha isso bem ridículo, mas se não houver ninguém para segurar minha mão eu irei segurar meus medos, eu mesma vou conseguir, não deve ser tão difícil, talvez a escuridão não seja assim tão ameaçadora quando acende-se dentro de si uma luz eterna, levando embora toda preocupação, repouso junto as crianças na cama, e eu posso ser a luz delas na escuridão, segurando seus pequenos dedos, me sinto tão confiante e menos tola.