domingo, 25 de outubro de 2009

Você...


Moro perto de você
Bem próximo ao que você sente
Bem parecido a carinho recheado com ódio.
Príncipio de dor nos dedos
melhor pensar que isso é um mal sinal
espero um pouco...
Não me vem a sensação então prossigo escrevendo sobre você
Tu que não me olha nos olhos
Que troca palavras com os outros
Me aperta em tuas mãos macias
Mas não nota que me deixa cair, e lá me deixa ficar.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Rastros do dia.

A cidade estava morta pelo suspiro dela, uma reza simples ao diabo...
Alguém a puxava pelas mãos, eu não poderia, não tinha nenhuma intenção de ajudá-la, ela odiava sua vida, soa tanto como uma pergunta em meus ouvidos velhos...
O bar estava todo voltado para a cena, ela traca-se no banheiro, escutamos o arranhar de suas unhas na porta, todos nos levantamos e saímos, enquanto os outros davam passos acelerados até a saída, eu andava como que em câmera lenta, com os olhos voltados para a porta cheia de sangue, via-se pela vidro transparente, desfocado; mas saí, não queria pensar em quais motivos a levava a fazer isso.
Chegamos em casa, largo as apostilas na mesa suja, o sol já caindo para seu sono noturno, as pessoas andavam em todas as direções pela república, festas eram sempre um gasto e um estrago no começo da manhã. Saí antes que a algazarra iniciasse, andei até as vinte e três horas atrás de algo atrativo, mas esta cidade é um cemitério de almas que dormem cedo e perambulam de manhã.

Meu resto de vida, de história, de lenda.

Não, eu sei que você não existe,
como saúde no mundo,
como um sonho sem pesadelo,
como carinho sem zelo, como eu nunca saber o que estou dizendo.
O tempo parado,
no relógio,
nas escadas, esperando calado, em desespero,
vendo o silêncio do rádio,
sem as notas da vida,
sem a voz constante...
Ceguei meus olhos por um instante e parei de sorrir,
de ouvir os pássaros,
de correr para os livros,
de alugar filmes,
alugar pessoas,
deixei...
de me questionar,
de sentir o vento,
de pensar enquanto estou no ônibus,
de apreciar os sapatos enquanto ando com pressa,
parei!
parei de falar,
comer,
dialogar,
fotografar,
escrever,
pensar,
dormir,
viver...
Ah, eu cansei,
de me perseguir,
de perseguir você,
perseguir a todos...
Enjoei,
de sonhar acordada,
de fazer figa,
de procurar palavras no dicionário,
de ouvir músicas novas,
enjoei de lembrar,
de esquecer.
Mas ainda consigo você,
consigo paz,
consigo tirar péssimas notas,
consigo conversar com outras pessoas,
cantar no chuveiro,
ouvir repetidas vezes a mesma música o dia inteiro,
ser parasita de meus pais,
ter um amanhã apagado,
planos em esboço nunca terminados,
ter uma cara de tacho,
escutar um samba e ir pro abraço,
e viver nessa gangorra infernal ou suportável,
nessa balança de horrores ou sustentável,
e ir vendo onde eu vou chegar,
nessa estrada sem fim, nesse contexto destrutivo, nesse embalo juvenil.
Essa história percorre por tantas fases,
tantas frases inacabadas,
tantas charadas dispensáveis,
tantas formas e pessoas, muitas páginas para um conteúdo discutivel, ou seria muitas páginas para uma pessoa lendária?

Pesadelo.

Escuro, choros pequenos, os braços cortados saiam uma quantidade perigosa de sangue...
- Não acenda as luzes - sussurrou as vozes baixas pela casa.
Com a ajuda dos sentidos procurava água para que a dor acalmasse, liga-se a luz, o braço debaixo da água, que corria louca tentando acalmar os ferimentos, as almas paradas olhavam a menina no canto da cozinha.
- Cortou-se por que? - vinha uma voz doentia fazer Mary encher os olhos novamente.
- Vê o quanto faz mal tuas loucuras? - silêncio agora.
Houve silêncio por um bom tempo, ela voltava constantemente as memorias de dias atrás; todos estavam apreensivos depois de Mary dizer que uma boneca se mexera, que andou até ela, depois disse tê-la visto mais pálida, perguntou a sua irmã se ela não estava vendo, ela calmamente respondeu que não, a boneca se mexe novamente e vai em direção a Mary, fechou os olhos e quando os abriu estava na cozinha, e chorou, não lembrava o que aconteceu depois disso, a memória apagava e ela voltava a si. As irmãs se reuniram para que todas dormissem na sala, nenhuma iria para os quartos porque era lá que Mary via alguma coisa; no sofá ela não iria caber, já tinham duas que iriam dormir nele, olhou para as cadeiras, pensou em juntá-las e dormiria nelas, foi buscar o cobertor no último quarto, sem lembrar que não poderia ir para quarto algum, quando chega lá vê sua mãe com a garganta cortada, falecendo aos poucos, e tudo voltou no tempo, ela se viu no meio do espírito e da mãe sem defesa, pensava ela que poderia cortar o espírito e ele iria embora, quando parou de corta-lo, viu-se toda em cortes...
Início da escuridão, início da história.

Querido, querido, por favor...

E se você quiser ir embora, se quiser ir e acreditar...
acreditar que nada foi real como você quis que fosse,
sinto dizer mais tudo aconteceu sim!
E você não estava lá.
Aos poucos a minha depressão me deixa ver as coisas
se movendo em câmera lenta, algumas cores mudando para o preto...
Mas veja é verdade,
pode beijar aquela garota agora, parecemos tão tolos discutindo isso;
esses lábios cortantes, procurando conforto um no outro para as feridas abertas,
conte-me a glória, fale das desculpas,
você está gelado eu vejo em seus olhos,
está gelado a um bom tempo,
congelando as emoções dentro de si.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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Sonhei que estávamos onde sempre vamos todas as noites,
Onde nossas vozes saem abafadas e atrativas,
Levamos nossas asas para sentir o vento levá-las, e agora eu olho em seus olhos e...
Como eu poderia?
Não liguei nenhum pouco para o
que aconteceu?
Eu sei, eu sei,
As paixões parecem navalhas, devagar saem cortando a minha vida,
Eu sei, eu sei,
Não fiz nada pelo que aconteceu,
Bom, já disse que eu sei...
Poderia puxa-lo pela mão, mas agora eu não consigo pensar em nada a dizer,
e era somente um sonho, mas tenho medo, medo de você voar comigo,
eu consigo ver novamente, suas asas em fogo,
eu entendo, entendo...
Vejo que não sei, sinto que não sei,
parece que me iludi olhando o céu azul, e é quando você pára e olha para si mesmo,
e a realidade vai caindo que nem uma pena, pesando como seu corpo no chão.
Meus olhos se fecham, feridos por dentro, não tinha um sol para levá-lo de mim,
mas eu devo ser o fogo que pede que você se distancie.