sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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As vezes esqueço que os dias tem nomes, tem datas.
Esqueço com mais frequencia de levantar da cama, e não ter o que fazer nas horas que se arrastam, deixam-me preguiçosa.
Esqueço dos sonhos por não serem reais, embora, vez ou outra, gostaria que fossem. É que sonho aquilo que sempre almejo ser e jamais sou.
Alguns são de desejos secretos ou tolos, sem graça... Ou incrivelmente envolventes.
Mas não viva dos sonhos, pode não mais acordar. Ficará preso dentro de sua realidade, sem saber se esta é real.

sábado, 23 de outubro de 2010

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Conquiste meu cigarro, beba minha embriaguês e trague minha respiração.
Foi isso que você fez...
Estávamos caídos num momento risonho, você me dizia algo mas eu não consiguia entender.
Lembro de levantar cambaleante e de repente sentir o sol não muito quente em meu rosto.
Suas mãos silenciosas subiram até minha cintura, me guiaram até o que parece uma cama.
Constatei ser uma cama mesmo.
Ficamos a saborear o silêncio dentro do quarto.
Vislumbro as estrelinhas no teto, como se fizesse sentido estarem lá quando já é de manhã, então compartilho esse pensamento e seu sorriso me mastiga inteira.
Uma tristeza repentina me tomou e o abracei. Antes de qualquer pergunta lhe calo com meus dedos tapando sua boca. O calor de seu corpo quente me deixava confortável em seu braços. Nós ficamos assim por quanto tempo?
Depois estávamos dentro daquelas roupas sufocantes, e em outro minuto saboreava algo que conhecia, mas não lembrava o nome. Sim! Era café com leite.
Você beijou minha testa e voltou ao seu lugar. Continuei afundada no que bebia, no que fumava, sem notar seus olhar em cima de mim. Sem notar que gostava daquilo. A unica coisa que me prendia no ambiente era seu cheiro, um perfume doce...
Que posso chamar de paixão.

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Isto que mora dentro de mim, vive por conta própria, me arrasta para o que bem quer. Essa força mantendo-me curiosa, me deixando zangada. Guarda consigo meus sorrisos, falo sozinha como uma louca pois nem quer responder-me, que grossa. Faz com que acredite nela e dela fique sedenta, embora no final me faça um mal dos infernos, sempre voltarei a procura-la, sei que estará lá quando estiver novamente a querendo, pois sabe que estarei lhe buscando. Quando estou lá envolta em seus braços, ouvindo-a sussurrar como o vento que o mundo é cruel e que só ela me adora, mesmo sabendo que cada vez que a chamo esta me devora. Retardo a ideia de que não haverá mais nada para ela levar, pois sei que não voltarei a sentir isso novamente, e por mais cruel que seja sua companhia, pior é quando se vai. Oh doce tristeza fique um pouco mais, faça dessa sua presença um pouco demorada, pois só tenho você como companhia, e é tão adorável a forma como me engana, afundo-me em ti. Apenas assim encontro repouso.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

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Paro para respirar um pouco e acabo por fechar os olhos, pra que faço isso? Me perco dentro de mim.
Todas as noites sonho algo irreal, mas já me acostumei. Sinto o acariciar da madrugada vindo abrir uma por uma cada lembrança do que houve nessa semana, ou apenas hoje. A brisa segura minha mão e me guia por um lugar branco, onde em telas vê-se um esboço confuso, cada quadro é mais estranho do que o outro, porém quando estávamos perto do que eu achava ser o final, noto que já reconheço alguns rostos e sorriu. Assusto-me ao ver que os quadros logo se movimentam, me fazem lembrar em flashes alguns acontecimentos antigos. Aquele garoto que sempre gostei na escola, (que nunca tive chance) a timidez extrema, as fugas da arguição, lutas diárias para enfrentar o chuveiro frio e o sono pesado para ir ao colégio. Mais a frente vejo minhas férias no interior, cercada de verde. Lembro-me de crescer e continuar a mesma pessoa abusada, no entanto menos grossa. Vejo os problemas, e as poucas soluções. Lá na frente me deparo com amigos, farras, desilusões, paixonites, ficas, um namoro, fins de ano... e bom, também vi a solidão, o desatar de mãos, recordei as lágrimas, e bons momentos com várias pessoas, e outras pessoas que conheci através das que me faziam/fazem bem.
Foi aí que abri os olhos de verdade e me deparei com o mesmo teto branco que espera que eu vá dormir, este que realmente só dorme quando durmo, que sabe o quanto é difícil fechar por fim os olhos. E dormi, perdida nisso tudo, perdida apenas...
Como sempre.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

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Esconde-se atrás de suas montanhas de preocupações...
Você sabe que assim não estará sendo sensata. Apenas venha comigo e tire suas roupas pesadas, onde eu sei que você esconde em cada bolso um problema novo. Perto do mar sinta o alivio de gritar quando se quer tanto esconder este desejo. Vê que com isso parece mais calma as lágrimas sinceras que lhe cai dos olhos? Parecem pérolas sagradas, parecem livres correndo por seu rosto. Venha, dance comigo! Seu coração que parecia quebrado bate mais rápido quando dançamos ao sol. Seu coração que antes não sabia o que era essa sensação, agora irá abraçar-se a isso, mais e mais.

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Se você puder me ouvir, ou pelo menos me der um pouco de sua atenção...
Enquanto respiro profundamente me vejo por inteiro. Procuro palavras dentro de mim.
A cerca de uns dias eu achava ser possível ouvir qualquer música, mas agora todas me lembram você...
Eu vejo as coisas em desordem, e acredito que somente alguém possa colocá-las em seu lugar.
É uma infecção, o tempo que passa é tão rápido quanto o virar de uma página de revista.
E tão triste como crianças que jamais saberão como voltar para casa.

Me sinto para baixo, tudo a minha volta é mera distração.
Minha mente está a todo momento guardando o sabor dessa depressão.
Estes meus pés caminham lentos, pisando em cada palavra que eu sonhei em ouvi-la dizer. Fico a apreciar minha dose de café que mistura-se graciosamente ao leite, acompanhado pelas desorganizadas pitadas de canela que eu odeio, mas a moça que me atendeu não ouviu quando disse que não as queria.

Caminho em passos calmos pela rua e
para fechar o dia,
vem-me o cheiro de seu perfume para me deixar arfando, morrendo por dentro.
Isto não é uma ficção, mas bem parece ser.
Quão amavél é esta melancolia, não é um estado de decadencia, mas é o abraço de algo pelo menos...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Reprisando o sonho bom.

Estive admirado pensando cá em meu sonho passado, ou estava eu sonhando acordado?
Eu pensava conhecer-te, tu e teus lábios sagrados
Tentei procurar dentro de mim sossego, mas minhas mãos trêmulas denunciavam-me
Mesmo não olhando em seus olhos para mim eles eram profundos
Os cabelos ao vento, os fios negros, as pontas soltas acabavam por prender minha atenção
E quando dei por mim já estava a dizer-te o quanto era um ser dotado de minha admiração plena.
Meus olhos recuaram quando em contraste com os seus
A agonia de ter falado demais me corroía, a insegurança destruía-me e o medo me deixava paralisado. Foi melhor dessa forma, não poderia segurar tudo que sentia por mais tempo,
quão árduo é quando se luta numa batalha que sabe-se que terá fracasso
Pois meu inimigo já ganhou o que queria sem precisar matar-me, já matando, sem precisar me desarmar
Apenas me tirou a vida tendo consigo aquela que deixa-me ter desejos proibidos e impossíveis
Ele tem a realeza da minha alma, mulher dos lábios que tanto me despertam interesse
Qual gosto teria eles? Quando nessa parte do sonho iremos dialogar?
E porque nesse ambiente tão calmo onde as águas batem-se violentas contra as pedras, por que não há som? Estamos mudos, nota-se e é evidente a timidez em nossos rostos
Eu não quero mais lembrar desse sonho, jamais quero repeti-lo em minha mente
Eu jamais a vi, nunca a conheci e tão pouco sei sobre ela
Como essas pessoas desconhecidas param em nossos sonhos?
E por que elas pairam em nossas mentes?
É um sonho bom, mas irreal
Eram lábios que eu jamais vi, jamais irei ver novamente
Ainda lembro da sensação eminente de querer sentir qual a sensação de beija-la
Mas estava a todo momento me contendo e esperando que alguma palavra a mais saísse de meus lábios
Foi um sonho esquisito, numa manhã muito amena, num dia realmente blasé, mas esses detalhes não importam
Nada agora importa, sinto que relembrar tal sonho é agradável porém complexo
Hoje, é proibido dormir.



segunda-feira, 17 de maio de 2010

Me deixei estar


Apenas olhando daqui sinto como se estivesse dentro das ondas, mas estou em terra firme,
eu gostaria que o medo estivesse debaixo de meus pés, pois estou em equilíbrio com a natureza.
Dentro de um tubo de água, como deve se sentir aqueles que experimentam disso?
Como sentir medo do que é tão maravilhoso para mim?
Os pés reconfortam-se na areia da praia, a vista vai longe até onde se acha ser o fim, na maré agitada,
gostaria que o vento não me trouxesse os grãos de areia, eles ferem meus olhos e me impedem de enxergar a plenitude desse lugar.
O sol me dá mão e me leva até término das ondas, quando elas se desfazem sobre meus pés e voltam para o mar salgado, retornando como novas ondas.
Sinto que não posso me controlar, apenas concorde comigo, que quando estamos em frente a maravilhas que não nos permitem falar, quando abrimos os braços e sentimos o abraçar da ventania envolvendo nosso corpo, diga-me, tem sensação mais doce que ser livre?
Poder sorrir sem motivo, sorrir apenas porque está num dos lugares que mais aprecia, apesar do medo das enormes ondas que estão se formando bem distante de meus olhos, parecendo cada vez maiores e mais assustadoras, me sinto como uma criança, esse medo se faz maior pois não sei nadar, não poderei estar cercada pelo mar, mas um dia estarei.
A noite quando não há luar nem estrelas para me saudar, sempre haverá aquela porção enorme de mar para lhe fazer ficar, é lá que quero estar, deixando meus pensamentos perdendo-se na escuridão que olha para as águas calmas, perder-se assim é encontrar o que há de melhor: a paz interior, paz de espírito.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

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Sinto que enquanto estou em silêncio meu pensamento trabalha um pouco louco, sinto que o mundo todo vai parar dentro de você, ou que ele percorre por dentro de suas veias, você está tão presente em minha mente que já não consigo guardar os nomes das pessoas, os dias da semana, desaprendi a aprender pequenas coisas, como não saber fazer o café, ou não conseguir arrumar a cama, não encontro as coisas que guardei a cinco minutos atrás, e a culpa é sua, poderia me dar descanço de sua voz em meus ouvidos e seus olhos preenchendo minhas loucuras. Eu preciso de um tempo longe, e gostaria que tivéssemos uma conversa franca sobre isso, porque tudo pode ser resolvido numa conversa, só ter calma e paciência...
Não consigo mais olhar o telefone ou qualquer coisa a minha volta, meus cabelos ainda estão cheios dos seus afagos, e depois de ligar para você sugerindo uma conversa eu compreendi que nem tudo se resolve falando francamente, o que é uma verdadeira porcaria. Eu tentei, eu tentei, e agora desisto disso, estarei daqui a alguns dias me mudando desse apartamento odioso, e eu aprenderei a estar são, como já sinto que estou, pelo menos penso que sim por já estar desejando que eu esteja livre de qualquer tortura mental que se remete a ti. Não importa que eu me mude, o lugar que eu sempre irei querer morar é no seu coração. As lembranças serão apagadas, um delete eterno em você, um end para nossos beijos, uma faca afiada para as vezes que eu estiver me traindo pensando novamente em como era bom aquelas momentos em meu quarto, na luz do sol tocando-lhe o rosto e fazendo de suas feições algo angelical, puro e intocável...
Algo que só eu via, e agora estou cego, sem ver-te, sem amar-te.

Pensamentos no escuro.

Estamos no escuro, eu e todas essas vozes que gritam por luz, não sei se canto baixo para que todos os pares de olhos se fechem ou se apenas digo que medo do escuro é coisa de criança, mas elas são crianças. Bom, eu posso entende-las bem, sempre é em suas piores noites, aquelas em que os olhos não querem fechar, embora estejam cansados, ficam assim semi cerrados sem paciência para olhar o teto branco. A vista cansada vaga pelo quarto e vê formas estranhas se movendo no ambiente, a sensação de pavor o sufoca e todo o seu sono passa, mesmo assim você se força a fechar os olhos tendo em mente que o que quer que esteja no quarto não vai chegar até você, não lhe fará mal; mas isso é só uma ilusão, na verdade sabe-se que o que está ali é ruim mesmo não sabendo porque, você não confia na sua tentativa de otimismo, cobre-se com o lençol fino, ainda consegue ver a luz que entra pela janela fazendo sombra na parede, então você percebe que é só a luz do porte e nada mais... Isso deve já ter acontecido com várias pessoas, mas e quando esse fato ocorre com frequência? Como se você esquecesse que é a luz dos portes fazendo movimentos nas sombras no quarto? Calma e paciência consigo mesmo é a chave para conseguir não se sentir muito tolo, muito ridículo. Terá sempre alguém que vá segurar minha mão e dizer que está tudo bem, que isso não é tão ruim assim, depois deverá dar uma leve risada, entregando que acha isso bem ridículo, mas se não houver ninguém para segurar minha mão eu irei segurar meus medos, eu mesma vou conseguir, não deve ser tão difícil, talvez a escuridão não seja assim tão ameaçadora quando acende-se dentro de si uma luz eterna, levando embora toda preocupação, repouso junto as crianças na cama, e eu posso ser a luz delas na escuridão, segurando seus pequenos dedos, me sinto tão confiante e menos tola.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

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Sempre precisarei ser delicado para poder participar do que você diz, na verdade teria-se que pensar muito bem antes de não dizer algo estúpido, eu deveria apenas não dizer nada. Estou aqui parado ouvindo você, concordar com a cabeça ou dizer ''sim, claro'', ou ''claro, tem razão'', e por fim, ''claro, claro'', parece bem mais estúpido do que não saber o que dizer. Não sei como me portar, eu deveria tentar olhar diretamente nos olhos dela, sim talvez ela pense que estou entendendo o que ela diz, ou esteja achando que tudo que está dizendo não me interessa, mas é mentira, por favor escute meu pensamento agora, é mentira, eu estou adorando ser seu ouvinte, por mais que eu não entenda nada da sua psicologia, não interessa, errei desculpe, claro que interessa, porém não é algo que minha mente possa organizar agora. Talvez não faça sentido algum, mas eu preciso de alguém correto na minha vida agora, e você se encaixa nisso, por mais que o certo esteja sempre se inclinando para o errado, como eu disse nada faz sentido. É só um pensamento solto, palavras escorregadias, o certo envolto no errado, precisando do errado para estar certo, e estou tão longe de me achar digno de seu mundo perfeito, mas estou chegando, tal qual como um vagabundo, roubar-lhe dessa vida ilusória, ou tentar pelo menos...
Não estou mais ouvindo o que ela diz, sua boca apenas mexe-se, como se estivéssemos num filme e alguém que assiste apertou o botão mudo. Agora estou envolto em pensamentos, não me importo muito em concordar ou discordar de alguma coisa, eu apenas quero ficar um pouco com meus pensamentos tolos. Gostaria de sair do pacato, do morno, essa vida não me cai bem, gostaria de ouvir uma risada macia, mas tudo é silêncio dentro de mim; Os movimentos na sala aos poucos parecem tornar-se audíveis, já estão todos gritando por um feliz ano novo, não todos, apenas eu estou prendendo-me a solidões passadas.
Levanto-me tomando Marie pelo braço, num sorriso gentil, pergunto se ela não quer uma conversa mais informal, recebo um sorriso constrangido, tudo bem não foi tão ruim ser sincero.
Os fogos de artifício quebram a escuridão do céu, eu sou a imensidão negra do céu na sua noite festiva, lá estou eu fechado para tudo, estávamos olhando os fogos, quando Marie repousa sua mão na minha, estive certo de que ela sabia o que se passava em minha mente, e em minha antiga vida.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A vida real.

Levantei-me desnorteado achando já ser muito tarde, o sol lá fora parecia quente e pra mim isso era o suficiente para achar que poderia ser umas onze horas; mas claro não era, eu sempre errara essas coisas, deveria não me guiar muito por mim e nem pelo céu que me confudia.
Olhei no relógio, sete e meia da manhã, pensei rápido em todos os meus afazeres que deixei para hoje já que o sono me consumiu ontem, minha cabeça ainda persistia na ideia de que estava muito tarde, por mais que eu olhasse o enorme relógio na sala que marcava agora sete e trinta, era como tivesse horas a mais.
De repente meus olhos ficam a olhar para os ponteiros, aquele olhar de incompreensão que os cachorros fazem as vezes, ali estava eu com cara de cachorro, sem entender porque se passava na minha mente que era tarde, mas não era. Andei até a porta ainda olhando para o relógio, estava chovendo leve, o ar frio fazendo com que arrepiassem os pêlos de meu braço, espreguiço-me com vontade de voltar a dormir de novo, deixar tudo pendente, mas esta é a vida real, você tem um horário para acordar, para tomar café, horário para engolir seus remédios...
respirar, andar, mas você está atrasado, então tem de correr, e as horas te alarmam mais então você corre mais, não há tempo para chegar e tomar água, coloca suas pastas na mesa, liga o computador; sem tempo para bom dias, gentilezas, afinal, ao chegar em casa toda aquela correria dói nas suas pernas, no seu corpo. Eu ainda estava olhando as gotas da chuva caírem mais lentas, tocando o chão, pensar na vida era muito vago, pensar na chuva era melhor...
Quando ela atravessam raspando atrás de suas costas, tão rápidas querendo lhe acertar, mas não conseguem, pelo menos não esta.
Mas chega a gota vitoriosa, que passa por todas as outras e alcança sua blusa fina, e passa a gelar não só sua coluna mas todo o seu corpo, e o que nós fazemos?
Agora eu estou rindo por pensar que nunca tinha me dado conta de quantas raivas já tive por isso acontecer, por pisar numa posa, por tropeçar numa calçada, pelos pingos de chuva me atacam. Voltei a realidade, agora sim estava tarde, consegui terminar tudo que tinha de ser terminado, e saí na chuva, prestando atenção as calçadas, as poças, e principalmente gelado pelas gotas de chuva, porém quente por dentro, aquecido, eu sei agora porque estava tarde demais para tudo, a única coisa que não fez tudo se tornar tão tarde e tão alarmante é que eu acordei do pesadelo, de estar preso as horas e as obrigações, e parar um tempo para abrir um pouco a cortina de meus olhos, apreciar o frio, a chuva, apreciar uma vida nova, a nova vida real.

Inspiração para texto e título do livro A Vida Real de Fernando Sabino.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Auto reflexão.


Olhando para mim, tentando falar como eu sou se eu fosse outra pessoa,
como eu seria se não fosse do jeito que sou.
Somos como reis, nós que decidimos quem morre e quem vive, eu que devo dizer o que em
mim está morto, o que devo deixar viver.
Ah como seria mais fácil falar de si se fôssemos uma atriz que gostamos, ou o poeta que mais se prefere, porque todos eles teriam qualidades que eu não tenho [ou algo assim] e que gostaria de ter.
Então o melhor é aceitar-se da forma que se é, sabendo que você próprio pode mudar o que acha que deve mudar...

O reflexo de si é o mais difícil de se falar, é falar a você o que te machuca, você planeja uma mudança que talvez nunca aconteça pelo fato de não saber como, nem honestamente o porque disso. Isso é uma confusão que nossa própria mente projeta e está visível em nossos olhos para todos verem, mas não estão totalmente a mostra, só suas palavras te denunciam por inteiro, e te ferem igualmente.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Adoro, adoro, adoro.

"...Você é igual à decadência refletida em tudo. Todos fazemos parte da mesma podridão. Somos o único lixo que canta e dança no mundo.Você não é sua conta bancária nem as roupas que usa, você não é o conteúdo de sua carteira, você não é seu câncer de intestino, você não é seu café com leite, você não é o carro que dirige nem suas malditas gatinhas.Você precisa desistir. Você precisa saber que vai morrer um dia. Antes disso, você é um inútil. Será que nunca serei completo?..."

retirado do filme Clube da Luta.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Paraíso particular.

Estou tentando endireitar seu sorriso pra que você sorria para mim, não que eu esteja privando-a de espalhar sua doçura, somente preciso de um instante do conjunto de seu rosto fazendo parte das minhas lembranças, pra que estas estejam guardadas secretamente, enquanto estou distraído vendo seu rosto virando para o lado, certamente se eu dissesse isso você iria rir, mas sinto que já sabe o que penso sem que eu precise dizer.
E quando você encaixa seu corpo no meu deixando minhas mãos repousarem em sua face rosada, deixando que eu me sinta o único que você permite olhar dentro dos seus olhos e invadi-la de silêncio, dando espaço para que nossa mente planeje novas ações, novas descobertas...
Fazendo assim do silêncio uma oportunidade para que os sentidos se agucem, e quando essa quietude for quebrada estará somente meus olhos não achando os seus mas meus lábios estarão cálidos nos teus.

quinta-feira, 25 de março de 2010

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O botão de replay está me odiando, mas eu não me importo.
Repeti a noite inteira a mesma música que ele já deve estar cansado de ouvir,
mas quem liga para ele certo? É só um botão, um botão que não tem vida, nem sentimentos, mas tem a função de funcionar e me agradar voltando a minha música quantas vezes eu desejar,
espero que eu não quebre o aparelho, espero que pare de chover,
espero aqui dar logo a hora que você irá me ligar, espero amanhã poder te ver,
espero que volte os bons velhos tempos em que
eu sabia escrever coisas bonitas, espero que água do chuveiro não esteja fria,
que dê tudo certo na minha vida, que meu sono seja regulado, que eu não precise pedir permissão a
mãe do meu namorado para namorá-lo, espero que eu tenha bons amigos ou amigas, espero não esperar
tanto de mim por mais que eu esteja, espero dar logo um basta a essa dor na vista que me cega,
e o frio indecente que percorre as minhas pernas, que me arrepia e faz gelar meus dedos, mas que droga!
Não consigo apertar no botão novamente, acho que ele jogou uma praga em mim, para que eu durma e pare de atormentá-lo por fim.

As verdades que já foram ditas.


Conservei em minha mente esse teu sorriso jovem, e como é engraçado a forma como eu me sinto estérica, abusiva, e triste quando estou longe de você.
Aqui está chovendo e fazendo frio, um frio que só seria bom na cama que você não gosta, sua cama de molas, que mais parece um trampolim divertido, não sabe o quanto são chatas as ortopédicas; embaixo do seu lençol azul me imagino dormindo e sendo acordada pelo seu beijo, como a bela adormecida das histórias infantis, como você sempre faz, então não é o sol intenso que invade meus olhos mas sim sua íris castanha vindo de encontro a mim, aqueles olhos densos e meigos, cheios intenções, cheios de um sono esquecido, eu o abraço, o mimo, o invejo, admiro, enobreço-me por dentro para conseguir dizer o tanto que me fazes bem.
O som da sua risada, da sua voz ecoando leve no ambiente, ou somente quando está falando normalmente sentado a mesa tomando os goles rápidos do seu café com leite, mesmo quando olha para o fundo da xícara para saber quanto falta para acabar, noto tanto essas coisas que me surpreendo, deve ser porque gosto demais dessas coisas, coisas como o jeito que alisava sua barba com as costas dos dedos, [mas você não faz mais isso] quando se preocupa quando está tarde para que eu retorne para casa, quando me liga para dizer que está com saudade no meio da semana, quando me ''força'' a fazer um selinho eterno, [que me dá agonia], quando beija minha barriga, quando fala com o coração cheio de desejos tudo o que sou e o que sente por mim, todas essas coisas me fazem suspirar por você, me fazem escrever uma carta dizendo tudo que você já sabe e esta declaração mais que sincera de que eu não quero mais perder você para indecisões ou inseguranças, na verdade com você eu converso sobre isso e logo essas preocupações somem, o que eu não quero é perde-lo novamente, porque eu gosto muito de nós dois, e não saberia não estar ao seu lado.

- Numa manhã de quinta-feira :]


meu pigmeu é seu