quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Meu resto de vida, de história, de lenda.

Não, eu sei que você não existe,
como saúde no mundo,
como um sonho sem pesadelo,
como carinho sem zelo, como eu nunca saber o que estou dizendo.
O tempo parado,
no relógio,
nas escadas, esperando calado, em desespero,
vendo o silêncio do rádio,
sem as notas da vida,
sem a voz constante...
Ceguei meus olhos por um instante e parei de sorrir,
de ouvir os pássaros,
de correr para os livros,
de alugar filmes,
alugar pessoas,
deixei...
de me questionar,
de sentir o vento,
de pensar enquanto estou no ônibus,
de apreciar os sapatos enquanto ando com pressa,
parei!
parei de falar,
comer,
dialogar,
fotografar,
escrever,
pensar,
dormir,
viver...
Ah, eu cansei,
de me perseguir,
de perseguir você,
perseguir a todos...
Enjoei,
de sonhar acordada,
de fazer figa,
de procurar palavras no dicionário,
de ouvir músicas novas,
enjoei de lembrar,
de esquecer.
Mas ainda consigo você,
consigo paz,
consigo tirar péssimas notas,
consigo conversar com outras pessoas,
cantar no chuveiro,
ouvir repetidas vezes a mesma música o dia inteiro,
ser parasita de meus pais,
ter um amanhã apagado,
planos em esboço nunca terminados,
ter uma cara de tacho,
escutar um samba e ir pro abraço,
e viver nessa gangorra infernal ou suportável,
nessa balança de horrores ou sustentável,
e ir vendo onde eu vou chegar,
nessa estrada sem fim, nesse contexto destrutivo, nesse embalo juvenil.
Essa história percorre por tantas fases,
tantas frases inacabadas,
tantas charadas dispensáveis,
tantas formas e pessoas, muitas páginas para um conteúdo discutivel, ou seria muitas páginas para uma pessoa lendária?

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