sexta-feira, 19 de junho de 2009

Jan Vandirne.

A fome começa a me atacar, e eu não tenho mais livros para comer
cerébros para guiar ou garotos para enganar,
divertindo-me na sombra, a descosturar os vestidos de bordas finas
e costura cara,
Ele chega cheio de malícia com seu perfume antigo e seu olhar indiscreto
Olhos trazendo um olhar vagabundo, ar de rapaz cortez, roupas de saltar
os olhos das moças burras desde reinado tolo.
Levantei a vista e mirei sua cara (nojenta) curiosa a investigar o que eu estava fazendo
(aprontando), começei a franzir a testa com aquele silêncio,
Mãos atrás das costas e olhar investigativo, levou o dedo ao queixo e disse-me:
- O que fazes no chão de teu quarto? rasgando roupas caras e raras feitas só para ti Jan?
Não queria responder não tinha de dar satisfação a ninguém por que daria a este?
minha língua viva resmungou palavras soltas e alinhou uma frase:
- Estou entendiada meu Senhor.
Baixei a cabeça como reverência (que eu odiava ter por pessoas que não merecessem tal atribuição) pois ele era filho de um renomado rei, seu pai era divertido mas nem um pouco humilde, e este aspecto me irritava.
- Cara donzela... - ajoelhou-se para perto de mim- por que me maltratas a alma?
Tocou em meus cabelos e seu perfume endiabrou minha raiva, levantei com ar de diabo, saí calada dando pisadas de elefante afundando a casa de Tia Georgia.
O que mais me irritava nele era achar que podia ganhar o mundo e com ele , eu,
Era ridículo pensar assim, estava pensando e gesticulando para todos os lados, esbarrei em Tio Candido
- Oh tio, sinto muito, derramei-lhe a bebida sagrada
Tio Candido riu, um riso solto e leve, enquanto eu me perguntava o porquê disso, me virei e fui andar pela casa; faziam um bom tempo que não via meus tios então voltar onde passei minha infância era voltar a ser criança assim naturalmente, tudo era perfeito na casa de minha tia, meus pais sempre me mandavam para lá nas férias e as vezes no ano novo, eu adorava subir nas telhas, mas sempre que eu fazia isso o filho deles falava que não era coisa de menina fazer isso, então nunca mais subi.

Bradin era o garoto cobiçado, cabelos e olhos claros como o dia, a pele parecia seda, o sorriso demonstrava sempre aquela certeza de que ele estava certo e na maioria das vezes estava mesmo. Tia Georgia sempre mimava Bradin com presentes, então quando ele cresceu quis tudo e teve tudo, assim nada era limitado tudo tinha de ser a seu jeito; todas as mulheres que quisesse, tudo estava a sua mão e todos queriam ser ele, todas queriam ele, mas Bradin não fazia o tipo que me agradava, sarcástico demais, arrogante ao extremo, não! definitivamente não .


-
Estava andando pela casa de paredes brancas com detalhes dourados, os quadros nas paredes cheios de detalhes eram tão bonitos aos olhos...
Nas grandes janelas cortinas de seda deixavam o sol dançar dentro da sala, eu estava nervosa, tinha acordado muito tarde, me veio um medo de todos já estarem acordados tomando o café da manhã, ou me esperando o que seria pior ainda.
Chegando na cozinha, ninguém
- Oras, onde foram todos?- pensei confusa.
Escutei lá fora barulhos de risos, eram meus tios e meu primo, todos estavam se divertindo tomando café, fazia muito tempo que não vizitava o jardim, estava perfumado pelas rosas que cercavam a mesa, o gramado estava lindo, muito verde, o chafariz com um anjinho jorrava água que fazia um barulho engraçado aos ouvidos, depois da distração fui ao encontro da mesa farta.
Assim que chego começa uma ventania fria, meu vestido fino não me aquece do frio, meus cabelos voam leves no vento, só consigo ver o rosto sereno de Bradin a olhar-me parada esperando que tudo aquilo passasse. Me recomponho rápido, sorriso sem graça nos lábios, olho para meus tios, sento e me desculpo pela demora...
-Ah querida você está cansada da viagem.
-É Jan, senti-se e aproveite o café.- e lá estava aquele sorriso lindo de Tio Candido, um corpo velho mas uma alma tão rica de juventude, chegava a me espantar, queria ficar velhinha e ser como ele . Não havia notado o outro ser naquela mesa, só três pessoas e estaria ótimo, veio abrir aquela boca nojenta pra dizer algo.
-Quase que o vento leva.- e riu, aquele riso debochado, de cabeça baixa sem me olhar nos olhos, quase me retirava da mesa quando minha tia disse que não devia rir assim de uma donzela como eu, agora o riso era meu, fiz de seu riso meu riso, e comi satisfeita, comida ótima aliás.
A manhã estava bela, mas atrevo-me a dizer que o que a tornou perfeita foi o garoto que chegou fazendo honras a nós que estávamos sentados terminando o café. Me surpreendi vendo que sua vista parou bem na minha, sorri casualmente, Tio Candido terminava sua exaustiva e oprimida (e chata) história de toda a sua vida, esta que eu sabia de cor, meu tio riu para o jovem e o convidou a sentar-se, mas este logo disse que queria falar com Bradin que já dormia na cadeira, dormia de tédio, pobre de meu tio, gostava tanto de contar sua história e recebia isso do filho, raiva me enchia.
Me retirei da mesa, fui andar a cavalo, fui olhar os rios que tinham perto de nossa casa, tinha de me movimentar, era tudo muito tranquilo, eu não estava acostumada a isso, mas sem problemas, não chegava a ser um incomodo, só não era muito divertido.
Eu estava respirando um ar muito mais puro, amanhã seria outro dia em que o sol tocaria novamente meus olhos, e eu vou estar nesse lugar tendo um conforto matinal, agora estou esperando só as estrelas a noite, porque é muito lindo, nos sentamos lá fora e ficamos a conversar, sempre fazemos isso, e hoje vai ser o melhor dia, vai ter aquele gosto de recordação,
vai ser sempre guardado comigo, com carinho.

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